sexta-feira, 30 de setembro de 2011

India, cronicas da Viagem - Jaipur

Tal como combinado, por volta das 8.30h o Nana estava a porta do nosso hotel para nos levar a visitar os fortes de Jaipur.
Apos alguns minutos de regateio, a boa maneira indiana, la acordamos que o custo seria de 600 Rupias (cerca de 9 euros) por 4 horas de visita.
Cedo descobrimos que o Nana era uma personagem e tanto. Com os seus 75 anos, cabelo pintado com hena (para atrair as mocas novas, segundo nos disse), mostrou-nos fotos suas com turistas de varias nacionalidades, bem como um bloco com as mensagens dos clientes satisfeitos, provando que o negócio do Rickshaw também tem os seus segredos de marketing.

A primeira paragem foi feita no Jaigarh Fort, uma construcao absolutamente notavel, com uma vista belissima, onde o Nana nos contou uma historia sobre um imperador que cacava animais naquelas montanhas e foi amaldicoado por um homem santo, e por isso morreu em agonia, apos matar todas as esposas, garantindo-nos que a lenda era verdadeira porque lhe havia sido contada pelo avo, e que nos éramos uns afortunados porque nao estava escrita nos guias turísticos e só ele a poderia contar. Mais um golpe do Rickshaw – marketing.  

Em seguida, dirigimo-nos ao Amer Fort, tendo-nos cruzado com dezenas e elefantes e camelos, destinado ao transporte dos turistas. Optamos por caminhar, ja que nao simpatizamos com a forma como, aparentemente, tratam os animais por estes lados. 

Verdadeira perola do Rajastao, o Amer Fort foi construido entre os séculos XI a XVIII, consistindo numa especie de Medina Islamica fortificada. A subida, acompanhada por musica arabe e pelo cheiro da comida  vendida nas ruas, transportam-nos para um verdadeiro cenario das mil e uma noites.
Encantadores de cobras, vacas enfeitadas, pedintes, pessoas com balancas para nos pesarmos (?) e vendedores de roupas e outras bugigangas, abundam pelas ruas.

O interior e absolutamente fantastico, com jardins lindissimos e fontes de agua, que tornam a visita absolutamente inesquecivel.

Durante o percurso, fomos abordados por varias pessoas que nos pedirão para tirar uma foto, o que nos fez sentir uma especie de estrelas de Bolywood, em especial a I., que, segundo nos disseram, e parecida com uma artista americana muito conhecida na India.

O saldo da visita a Jaipur foi claramente positivo, e nao fosse o meu estado de saude me ter impedido de desfrutar a 100% da Cidade Cor de Rosa, tudo teria sido perfeito. Felizmente ja passou, e hoje consegui comer o meu primeiro caril.

De assinalar o hotel onde ficamos instalados, de nome Sunder Palace, que e realmente bom (o melhor ate agora), e que tem preco muito simpatico -15 euros por noite, apresentando niveis de higiene muito aceitaveis para padroes indianos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

India, Cronicas da Viagem de Delhi a Jaipur

A viagem a Delhi terminou com o ciclo de monumentos classificados como patrimonio da humanidade, bem como a visita a uma serie de pontos interessantes, nomeadamente o Lotus Temple, local absolutamente indescritivel, em que a beleza arquitectonica conjuga a particularidade de se tratar de um ponto de encontro e oracao para todas as religioes, e o India Gate, monumento oferecido pela Inglaterra como agradecimento aos soldados indianos pela sua prestacao na II Guerra Mundial. 

De entre os monumentos que visitamos, e que ainda nao referi, nao posso deixar de destacar o Qutub Minar, o maior minarete em pedra do mundo, bem como o Humayun's tomb, o tumulo do imperador Humayun, construido em 1562, e que nos faz literalmente entrar numa outra dimensao, em que as historias de infancia se transformam em realidade.

Alem dos locais mais turisticos, optamos por visitar mercados Indianos que nao veem nos guias e que nos permitiram contactar com a India real,   que os filmes de Bolywood nao mostram. Talvez por isso, tambem tenhamos optado por ficar na zona velha de cidade, com ruas de terra batida, transito caotico e lixo, mas, ao mesmo tempo, tradicional e genuina.

Apos Delhi,  Jaipur seguiu-se como a proxima etapa da nossa viagem, cuja ligacao foi feita por comboio, em 3 classe, sleeping seats.
Contudo, e apesar das marcacoes feitas ha cerca de um mes, 8 horas antes da partida ainda continuavamos em lista de espera, o que se revelou um grande problema, pois alem de perdermos o dinheiros dos bilhetes (cerca de 24 euros, no total), que haviam sido marcados com cartao de credito, corriamos o risco de nao conseguirmos lugares no autocarro. (E que transportes vazios e uma coisa que não existe na India).

Apos sucessivas idas a estacao, em que nao nos deixavam aproximar do guichet, e nos indicavam um posto de turismo localizado numa outra rua, e que estava fechado, eis que surge uma ajuda preciosa  - o recepcionista do nosso hotel. Quando descobriu que o meu irmao vivia na India, criou uma afinidade imediata e dispos-se a ligar para a estacao, tendo confirmado os nossos bilhetes.

A estacao de Nova Delhi e algo de inarravel. Milhares de pessoas a dormir na rua, caes e criancas a deambular pelas linhas do comboio, com o risco de morrerem esmagados. Enfim, um cenario dantesco, capaz de chocar o mais insensivel dos ocidentais.

Apos uma hora de atraso, o   comboio chegou para grande alivio meu, que estava a puxar pelo meu ultimo pingo de sangue frio para conter as nauseas e os vomito, ja que a comida indiana nao tem sido a minha melhor amiga.

A viagem foi boa, pois as camas sao grandes e confortaveis, sendo que o nosso mini- saco cama deu uma ajuda preciosa. Tivemos a companhia de um simpatico casal senior indiano, sendo que a viagem, com uma duracao de cerca de 6 horas, nao demorou muito a passar.

Menos sorte tiveram a I. e o C., casal polaco amigo do meu irmao, que partiram de autocarro as 21.00 e so chegaram as 9.00h da manha, tendo viajado no meio de caixotes gigantes cheios de roupa. 

Hoje, estamos em Jaipur, ja conseguimos ver o centro historico da cidade e deparamo-nos com um simpatico condutor de Rickshaw, o Nana, que nos deu o numero de telemovel e nos vem buscar ao hotel amanha, pelas 08.00h, para nos levar aos famosos fortes de Jaipur, bem como ao templo dos macacos.
As 17.00h apanharemos o comboio para Agra e vamos ver o nascer do Sol no tao ansiado Taj Mahal, mas isso serao noticias de uma proxima cronica.

Nota  - O problema dos acentos continua porque não me consigo atinar muito bem como o teclado indiano.

sábado, 24 de setembro de 2011

India, Crónicas da Viagem - Nova Delhi, as primeiras impressoes

Depois de uma viagem longa, mas relativamente tranquila, la nos estalamos no nosso hotel em Nova Delhi.


Nova Delhi e uma cidade impressionante, com quase 14 milhoes de pessoas. As ruas sao francamente mas para andar a pe, uma vez que o lixo abunda, a maior parte das estradas e de terra batida, e o transito caotico.

 Ao caminharmos pela cidade, damos conta dos milhares de pessoas que vivem em pobreza extrema, e que cozinham e dormem na rua.

Para um ocidental que nao quer abdicar dos seus parametros de conforto , este nao e  o melhor sitio do globo para visitar, sendo que Helsinquia ou Copenhaga serao escolhas mais acertadas.


Contudo, entrando no espirito, facilmente podemos constatar que as pessoas sao amaveis e muito prestaveis, a comida fantastica, o cheiro a arroz e especiarias algo de indescritível, e que este e um sitio onde se pode desfrutar de uma viagem inesquecivel.

Ja conseguimos visitar o Red Fort (ou Forte Vermelho), bem como a grande Mesquita deNova Delhi, a Jama Masjid, alem dos milhares de mercados que existem por todo o lado.

De notar, que um indiano paga 10 Rupias para visitar o Red Fort (cerca de 15 centimos) e um estrangeiro 250 (3, 5 euros).  

Na mesquita, e apesar de termos sido barrados, apanhamos a oracao do final do dia (cerca das 18.00h) e podemos ficar sentados a apreciar os milhares de crentes, vestidos de branco que se encaminhavam para o seu interior, bem como ouvir a oracao.

Apos uma consulta ao Lonely planet, encontramos um restaurante arabe fantastico, o Karims que esta entre os melhores 10 da Asia, e conseguimos, finalmente, avistar as miticas vacas sagradas.

Amanha espera-nos o Lotus Temple, bem como o que de melhor ha para ver na fantastica e exotica cidade de Delhi.

Nota - A falta de acentos deve-se ao teclado indiano.  

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

India, últimas impressões antes da viagem.

"Se alguém quiser verificar se tem realmente espírito de viajante, é pela Índia que deve começar."

(João Paulo Peixoto, primeiro português a visitar os 193 países reconhecidos pela ONU)


... Porque este país consegue despertar o que de melhor e de pior repousa em cada um de nós, acrescento eu.

Se, por um lado, espero encontrar um país mágico, apaixonante, de gastronomia única, de momentos e monumentos inesquecíveis, por outro vão haver situações complicadas, nomeadamente:

- Más condições de higiene, esgoto a correr a céu aberto e lixo pelas ruas.

- Dormir em "hotéis" onde não posso tocar nos lençóis, pelo que o mini saco-cama vai na bagagem;

- Consumo restrito de proteína animal e totalmente restrito no que se reporta a produtos lácteos;

- Elevadas probabilidade de vómitos, diarreias e afins;

- Pessoas mutiladas, a viverem na rua e em situação de miséria extrema;

- Cadáveres Humanos a boiar no rio Ganges, nomeadamente em Varanasi.

Agora é que vamos ver quem é que são os homens e quem é que são os meninos. De qualquer forma vai ser a melhor e a pior viagem de sempre, pelo que será totalmente inesquecível.

Bolsa para documentos

Porque a necessidade aguça o engenho, e também porque, quando viajamos,  o passaporte é o nosso bem mais precioso, desta vez achei por bem encontrar uma forma segura de o transportar, bem como ao dinheiro.

Após alguma busca por lojas da capital, e depois de me pedirem cerca de 21 euros por uma bolsa de uma marca conhecida (e cara), achei por bem dirigir-me à Sport Zone e comprar uma por apenas 7 euros.
É impermeável, fica direita na cintura e passa praticamente imperceptível, dando para a usar debaixo da roupa.
 
Se forem viajar e quiserem evitar "amigos do alheio", esta é sem duvida uma boa opção.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Lonely planet, o guia de todas as viagens

Há quem lhe chame "O Livro", eu chamo-lhe simplesmente o guia.

Desde que aprendi, com o meu irmão,  a usa-lo, descobri que o American Express é coisa de turista de excursão organizada.

O Lonely Planet é de extrema utilidade para quem viaja por si e pretende organizar o próprio plano. Além de dicas sobre alojamento, restaurantes, pontos de interesse, mapas e afins, contém uma excelente secção de planeamento e de conselhos úteis, nomeadamente os cuidados a ter antes de se visitar determinado país.

Na China, por exemplo, onde muito pouca gente fala inglês, sobrevivemos graças a ele, já que continha os nomes dos locais, bem como várias palavras em chinês traduzidas para inglês, sendo que, para comunicar, apenas foi necessário mostrar o livro.

Também para quem viaja sozinho, o Lonely é muito útil para encontrar turistas estrangeiros, já que a maior parte segue as indicações de alojamento e restaurantes nele indicadas.

É actualizado anualmente e existe uma edição sobre, praticamente, todas as regiões do mundo, incluindo o Burkina Faso e o Polo Norte.

O site do Lonely planet diz que os autores vãos mesmo aos locais indicados, e eu acredito.

"Make Your Big Trips Plans Come True".

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Literatura pré - viagem

Li-o numa noite, e aconselho vivamente a quem, como eu, vai pela primeira vez à Índia, ainda para mais de mochila às costas, já que tenta levantar o véu da verdadeira essência do país.

Fez-me desmistificar alguns mitos e reflectir sobre a diferença abismal que existe entre um turista e um viajante.

domingo, 18 de setembro de 2011

Índia, o plano da viagem

"Diz-me o que queres ver da Índia? Em 18 dias? É o que tu quiseres. "

E foi assim que o plano da nossa viagem começou a ser delineado. Quando se tem muito tempo para visitar um país, o plano pode ser não haver plano, apenas voo de partida e de chegada.

Mas se a estadia for curta,  e se se viajar de mochila às costas por um território tão imenso como a Índia, é melhor traçar um, ainda que o factor imprevisto seja um dado importante a ter em conta.

Após alguns dias de ajustamento, este vai ser o nosso plano:

Nova Delhi   25 - 27
Jaipur  28 - 29 Train
Fatehpur Sikri  30      Train
Agra    1       Train
Varanasi        2 & 3   Flight 
Mumbai  4 & 5   Train
Goa     6 , 7, 8 ,9

Com grande pena minha, passamos Querala e os Himalaias, mas vai haver uma próxima.

Sobrevivendo a esta, vão haver muitas próximas.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Viagem à India, a preparação

"Não questiones o que vires, nem tentes fazer nenhuma comparação com a China".

Foram estas as palavras do meu irmão quando confirmei a minha viagem para a Índia. A viver há alguns meses em Bangalore, no Sul do país, sabia bem do que falava.
Pobreza, miséria extrema, esgoto a correr a céu aberto, luxo inimaginável, a magia e o encanto de uma viagem para Oriente.
Ingredientes mais do que suficientes para suscitarem a curiosidade de quem sonhou em seguir as pisadas de Vasco da Gama.

Tomada a decisão, já não tinha muito tempo para os preparativos, sendo que o primeiro passo foi pesquisar o preço das viagens.

"O melhor será voares para Mumbai", dizia-me o meu irmão. Ok, são  840 euros pela Swiss Air, voo Lisboa - Suíça - Nova Delhi. "Então vê lá os preços para Nova Delhi". 570 euros pela mesma companhia. "Marca o mais barato".
Após alguns dias de consultas a todas as hipóteses, eis que surge o meu voo: Lisboa - Frankfurt - Nova Delhi, 393 euros, pela Lufthansa. Fantástico, pensei, não é todos os dias que se apanham as taxas mais baratas do avião.

Concluída a questão prioritária da viagem, marquei consulta na Medicina do Viajante no Hospital S. Bernardo, em Setúbal, já que vai ser a minha quarta vez na Ásia sem nunca ter consultado um médico, pelo que desta vez achei por bem não facilitar.

Tendo demorado cerca de 3 semanas, fiquei a saber que tinha a vacina do tétano desactualizada, bem como o reforço da Hepatite B. Além destas, foram-me, também, receitadas as vacinas da Hepatite A, Poliomielite, Febre Tifoide e Malária, ainda que a entrada no país apenas obrigue à imunidade contra a Febre Amarela, e somente para passageiros vindos de zonas afectadas.
Adicionalmente,  o médico aconselhou ainda a compra de antibiótico, comprimidos para diarreia (Imodium), vómitos, pomada para as queimaduras, repelente para roupa e corpo, Benuron, tendo passado um certificado internacional para transporte dos medicamentos na bagagem de mão.

Em seguida, dirigi-me à embaixada da Índia para obter o visto. Após consultar o site, fiquei a saber que tem um custo de 52 euros, sendo apenas necessário o passaporte e duas fotografias tipo passe. Quatro dias úteis depois lá estava ele, o visa que me iria permitir estar naquele fantástico país por um período máximo de 6 meses.

Concluídos os aspectos mais práticos, só faltava acertar o plano da viagem.